Noite em versos

Noite que desce sobre as colinas.

Poderosa, infinita, menina...

Conto-lhe meus segredos,

e sempre é tão tarde,

e sempre é tão cedo.

Sou estrangeira de mim mesma,

não me reconheço.

Perco-me no endereço da estrelas,

revisto-me de trigais,

em luz pálida, em lua cheia,

em maré cheia

de ânsias de beleza.

Noite que desce,

semelhante ao mar,

canção do coração a salmodiar

o que ao mesmo tempo amanhece

e anoitece em profundezas

de luar.

E eu não tenho asas pra voar,

não tenho ninho pra "nanar"

canto à porta entreaberta,

que, talvez, um dia, se fechará.

Noite que te olho pura,

que não me contestas

nutro-me, modesta

de tuas ondas de ternura

como areia ao luar.

(Direitos autorais reservados – Lei 9.610 de 19.02.98)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 07/07/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T555107
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.