Noite em versos
Noite que desce sobre as colinas.
Poderosa, infinita, menina...
Conto-lhe meus segredos,
e sempre é tão tarde,
e sempre é tão cedo.
Sou estrangeira de mim mesma,
não me reconheço.
Perco-me no endereço da estrelas,
revisto-me de trigais,
em luz pálida, em lua cheia,
em maré cheia
de ânsias de beleza.
Noite que desce,
semelhante ao mar,
canção do coração a salmodiar
o que ao mesmo tempo amanhece
e anoitece em profundezas
de luar.
E eu não tenho asas pra voar,
não tenho ninho pra "nanar"
canto à porta entreaberta,
que, talvez, um dia, se fechará.
Noite que te olho pura,
que não me contestas
nutro-me, modesta
de tuas ondas de ternura
como areia ao luar.
(Direitos autorais reservados – Lei 9.610 de 19.02.98)