ainda há pouco no carro
nós sumimos na estrada
a poesia, não
ela é o próprio caminho
dizemos que o tempo voa
mas ele nos carrega pra onde
nem sempre vamos chegar
o paroxismo não está em se conhecer
está na angústia de não saber
quem você é
tomamos sempre emprestados
de nós os nossos anseios
dos outros as nossas lamúrias
quem dera eu fizesse um sol
pro meu planeta e a lua
eu fosse encontrar de veneta
a colcha que não cobre o pé
não deixa a cabeça de fora
entendo o meu corpo agora
a espera da solidão
é o encontro que se realiza
quando menos esperamos
Julieta abusa de mim
como se eu fosse uma criança
mais inocente que ela
a juventude é uma pétala
que se recusou a cair
da flor que envelheceu
Rio, 04/07/2007