O ANIMAL DA NOITE
Um animal de coração negro assombra a noite
Nos confins da nevoenta madrugada
Assombrando os homens e as crianças
Seus olhos resplandecem entre as árvores
Lanternas vermelhas que atraem suas presas
Seu urro rasga o sono dos inocentes como garra
Um dia parti em busca da fera maligna;
A direção é o rastro de ganidos e sangue
Não cai no entanto em nenhuma armadilha
Desvia-se das trilhas e leva-me ao desconhecido
Vejo o ser maligno de relance e acerto-lhe
Sem piedade com um sorriso em meu rosto
Sorrateiro cerco-o, com majestade de vencedor;
Detenho- me porém ante a visão entre os arbustos
Pele alva, cabelos vermelhos, os lábios suplicantes:
O bicho, oh, pelos céus! É uma mulher.