Ébrio de amor
No olhar dissimulado, o desejo de ser mais
Em profunda embriaguez, transbordou a taça
Na avidez de beber o néctar sedutor como faz
A abelha que voa ao redor da flor com sua graça.
Ébrio de amor constrói o sonho de chegar ao ignoto
Subir ao cume da colina, trazer o néctar que o seduz
Nesse mistério que alimentará seu anseio remoto
Nessa viagem cósmica que o levará ao encontro da luz.
Era a percepção que o fazia crer no amor sublime
Um amor que se escondia atrás da montanha além
Não era um panorama vazio, mas algo que redime
O espírito que sofre e chora e as lágrimas retém.
E o amor? Onde estaria mesmo esse suposto amor?
Estava ébrio de um desejo que há muito o perseguia
Quando escalou o espaço íngreme e em triste clamor
Fez um apelo à divindade e, nessa hora, sua alma partia.
Mena Azevedo