Desde a tua Ausência...
Desde que tua alma nos deixou,
Minha vida é um paraíso sem deus,
É um inferno com demônios ateus,
É barulho enlouquecedor de silêncios teus.
Desde que teu amor nos abandonou:
Um imenso oceano de vácuos o meu ser petrificou:
Oceano morto que digere vazios e escuridões,
Oceano onde se afogam todos os perdidos em ilusões e depressões.
Desde que teu corpo foi sepultado
Meu coração se tornou em um guilhotina a todo deus crucificado,
Meu coração se tornou em uma fogueira a todo livro sagrado,
Meu coração se tornou ainda mais longínquo, alheio e amargo.
Desde que teu espírito nos partiu eternamente
A vida e a morte e as pessoas e os amigos_ tudo são serpentes;
A morte enferrujou cada flor, cada pedra, janelas, cada grão de areia
E tudo o que vejo, toco, penso e sinto está insano ou é doente.
Desde que a luz abandonou perpetuamente o fulgor do teu olhar
Acordar, tomar café, ir ao trabalho, conversar: tudo são distrações.
Desde que tua luz foi habitar no vale além do desconhecido
Meu ser vaga dentro de mim mesmo_ neste corpo aviltado e perdido.
Desde que tua voz no infinito se calou
Não há mais trajetos a escolher,
As opções se enforcaram antes do amanhecer,
Não há mais propósito em nada,
Todo objetivo banal ou sagrado na vida é uma colossal Piada.
Desde que tua alma nos deixou,
Desde que teu amor nos abandonou,
Desde que teu corpo foi sepultado,
Desde que teu espírito nos partiu eternamente,
Desde que a luz abandonou perpetuamente o fulgor do teu olhar
A vida é um cansaço, a vida é um tédio
Pois o ser humano é incorrigível, é risível, é desprezível
Pois a vida é uma infecção contagiosa sem cura,
Sem paliativos, sem caminhos, sem redenções e sem remédios.