Espetáculo

É um espetáculo

Do qual me vejo fazer parte

E no qual colaborei.

Abrem as cortinas

As possibilidades são muitas

Os caminhos também

Mas eu não posso mais

Fazer o que quero.

Da plateia um rugido, um uivo

Ouço alguém falar meu nome

É minha mãe, é minha avó

Sou apenas eu

Em ecos da esperança que tinham em mim.

O resultado é nada

Quem não se move não vai além

Quem fica parado, prostrado

Não é duro na queda

É covarde e não toma a rédea.

Faço o que devo?

Faço o que quero?

O que quero é certo?

O que devo é, pro meu coração, correto?

Cadê a autonomia

Que vejo por aí

E invejo, sim, como invejo

A autonomia de ir e vir

De buscar, de lutar, de conseguir e por fim sorrir

Onde está essa autonomia

Que deixa rastros na cortina do meu espetáculo.