MAGNETO

Cai a tarde algo anoitecida

e uma sensação forte me inquieta.

Algo parece me deslocar em ondas...

De freqüências metafísicas e

Inexoráveis.

Olho para o céu e voo alto,

um voo para o intangível,

Como se voasse para o horizonte impreciso

Duma precisão inalcançável,

inconcebível.

Cedo ao magnetismo ininteligível

na força pulsante dum verso patente...

que me movimenta em loucura

de gente.

Porque nunca convém se voar lúcido

pelas rotas do perigo já sinalizado.

Sem álibi justo, fujo não sei do quê.

Passo pelos aclives

das geografias inatingíveis

tropeço nos magnetos da poesia obsessiva,

Quase caio,

mas logo levanto soerguida de mim.

Assim, abatida em cárcere ,

sou obstaculizada pela razão latente:

A que sempre grita e me traz de volta...

da minha condição de gente, negligente.

Acordo atônita, algemada,

e rio do meu absurdo obtuso.

Meu suor eu enxugo...

Qual numa metáfora dum rio de lágrimas...

Que insiste em sorver chuva ácida.

Urgente: é preciso sempre se ser rio

Para se poder passar forte , soberano

- e assoreado!-

Pelos meandros

Dum tempo incerto e apressado.

Em borras de saudades,

Enveredo pelas matas ciliares

despenco em tênues margens

A esvaziar todo fluxo de mim.

Nunca aprendi a enfrentar

os meandros do meu incompreensível,

Tampouco verter sonhos

pelos terrenos minados e alienados.

Sobrevivo da razão.

Então,

desço do meu céu de fábulas fictícias

e aponto para a única direção:

A de sempre.

Com o coração em riste...soo mea culpa

e retorno ao silêncio

da minha inquietação magnética.

Já apoplética!

Busco redenção:

Só a poética para me fazer magnetizar tão forte....

A sinalizar todos os sentidos,

de todos os meus tecidos.

É só assim que acredito que existo,

como um ser algo verídico,

minimamente...

humano.