O amanhã

Cheios de nuvens arrastam-se o dias.

Os caminhos disputam o coração, a própria vida.

Há tantos sopros sufocados,

tantas margens desnorteadas.

Tantos limites em andrajos.

Arrasta-se a esperança,

aqui e além das tempestades,

e sobre todas as montanhas.

Mas o amanhã precisa ressuscitar.

Nossa alma tem sede de violinos e mãos sobre rosas.

Tem sede de liras ao adormecer.

E de vastos campos onde brilhem os olhos dos céus

nas estrelas sobre os abismos.

Que o tempo de Deus nos devolva os lírios dos campos,

o amanhã para semear.

A fé para gerar a luz dos sonhos,

quando a noite negra se apagar.