NUVEM
Sem nuvens... A perplexidade não teria intermediários.
Esse meio teto que desdenha a gravidade.
A parte terminal onde inicia o olhar,
move com a sobriedade dos que não sabem dançar.
Alardeia e ocupa os espaços no horizonte graduado do azul,
palácio da águia paralelo ao sul.
Na robusta ambição da inércia sem resistência:
o portal no império da ausência.
A imobilidade da luz em que não se confunde
a fusão do sacro com o temporal.
-Nuvem, o crepúsculo sem ti é lápis sem a modéstia seminal.
A criatura desprovida de Maria é peito sem cruz.
O restrito olho humano chora tua composição,
na noite tua dança tem discrição.
-Nuvem, não ligas por ser sinônimo de tristeza,
a fraqueza é repentina no coração,
ainda assim a beleza nunca desapega da ilusão.