Suave Sinestesia

I

Sinestesia, suave sinestesia

É agora meu agrado

Tudo agora é desigual

E é tão natural.

Natural e semelhante

Um riacho em diamantes

Que fulguram em meu corpo

O frescor de seu brilhar.

E me lanço para o vasto

Infinito e soberano azul

E sua cantiga azul marinha

Encanta a mim e sua rainha.

Ao sul caminharei

Através da amarelada estrada

Que me cansa e me alimenta

Com seu doce fruto prata.

Bebo deste lago intenso

E ele me retribui

Seu sorriso claro e farto

Do cantar das mansas aves.

II

Sinestesia, calada sinestesia

Que o mundo faz bradar

Para toda sua lascívia

E faz amor com meus sentidos.

Escutar seu salubre chamar

Degustar o sonoro clamar

Sentir o seu turvo curvar

Aventar o teu puro cintilar.

E observar que de tão natural

Chego a ser um ser normal

Tão normal a ponto de perceber

O inverso do surreal.

Redigindo em folhas secas

Recostado ao tronco imerso

Deste universo paralelo e psicodélico

Eu anoto estes versos.

Que me guiam de volta

Para o verdadeiro mundo

E renego seu pedido.

Quero viver nesse sonho profundo...