Poema do Adeus
Se eu morrer amanhã,
Quero deixar estas palavras aos que amo.
Não, não se trata de premonição,
Nada espero diferente do que espero todas as noites ao dormir,
Viver o próximo dia.
Mas a vida ensina e a lição não se ignora.
Que venham assim as últimas palavras
Sirvam em qualquer idade e tempo,
Como o meu Adeus,
Bem antes que o último fonema se dissolva no suspiro breve
Do coração que para
Toda vida, a minha
Termina inacabada,
Agradeço os filhos que amei,
As belezas apreciadas,
Árvores plantadas,
Choros e risos há muito esquecidos nos ciclos da vida
E os que tatuam a alma com lembranças alegres ou tristes.
Nada importa agora, tudo é vida, tudo sou eu,
Mesas postas,
Amizades compartilhadas,
Discussões desnecessárias
Oportunidades perdidas
Retalhos de uma vida imperfeita
Na sua completa existência,
No fim, às vezes mesmo bem no fim,
Quando nada mais resta,
Resta o amor perene
Herança tão sutil e verdadeira
Em forma de lágrimas.
Não posso chorar,
Chorem por mim,
De saudade,
Jamais com desespero.