AS ARMAS DA ALMA
É tempo de primavera
já muito perto do Verão
venha ele, quem me dera,
p’ ra alegrar meu coração.
O tempo está enfadonho
e às vezes envergonhado
meu horizonte é tristonho
de um verniz assolapado.
Meio mundo anda perdido
em busca dum sol doirado
outro meio desiludido
e com rumo ignorado.
Todos procuram deveras
alguma sorte encontrar
sejam sonhos ou quimeras
com certeza irão lograr.
Há gente a viver carpindo
sem ter fortuna nem teto
muitos na estrada pedindo
que haja calor e um afecto.
É triste estar de abalada
como adulto ou criança
há que fazer madrugada
com os olhos da esperança.
Há por certo horas amargas
num desafio qualquer
porém terá vistas largas
quem à luta se fizer.
Nunca julguemos ser tarde
em todo o mero confronto
com honra e com alarde
d’ alma façamos apronto.
Não há ninguém que não tenha
um qualquer ponto à deriva
mas luz d’ alma que lhe venha
mostrar-lhe-á alternativa.
Todo o viandante conhece
o estranho solo que pisa
daí que nunca esmorece
quando este se desliza.
Quem, humano e confiante,
tiver fresca sua memória
sabe que, com fiel garante,
dos fracos não reza a história!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA