Alvorecer da eternidade

 

Sangue carmim no areal,

ampulheta estraçalhada,

bruxuleante lume, final...

Na terra esparramada

a seiva da brevidade.

Nau à deriva, tochas de fogo,

clichês de liberdade.

Aroma de enxofre no ar

a rudeza do jogo,

vagas turvas no mar...

Labirintos vazios, na terra

os esburacados  caminhos,

sombras lúgubres de heras,

emaranhados de espinhos.

Cessa penosa  caminhada

de tantos e tantos vazios,

final  melancólico da jornada

por anfiteatros sombrios.

Fenece a  perfumada flor,

ora jaz no vasto erval daninho,

entre feras sanguinárias, o amor

soçobra triste e sozinho.

 

 Também publicado no site do poeta Andrade Jorge
 http://ospoetasamigos.zip.net/index.html