SOU OU TEREI SIDO?

Há em mim um amor tão desmedido!

Tenho n'alma uma ternura inata,

Parece que do próprio amor eu fui parido;

Por que então o próprio amor me mata?

Trago em mim a canção tão sentida!

A poesia em mim tão arraigada,

Por que então esta tristeza diluída?

Por que então esta dor tão entranhada.

Trago sobrando no peito tanta paz!

Sonhos e sentimentos tão humanos;

Por que então a vida me desfaz?

Por que ela me causa tantos danos?

Tragos n'alma tantos anelos belos!

Busco sempre em meu viver ser generoso,

Às vezes o destino faz ruir os meus castelos;

Expio ruindades?..."viver é muito perigoso".