Conversa ao pé da noite
Tu me ouves?
É tarde, e é frio.
Não tenho lenha para o fogo.
Apenas o rosto cansado.
As mãos que tecem as rendas das horas
sob o aconchego de um manto imóvel.
Sem estrelas, sem luar.
Algum lugar é sonho, se onde estás
é para um dia eu alcançar.
Não sei mais se me ouves.
Não respondes.
A cada novo ninho, eu envelheço.
Mas pertenço à casta dos lutadores.
Do amor sem endereço.
Talvez me escutem as doidas rosas
alí, do outro lado da rua,
naquele outro jardim.
É lá que, entre elas, talvez estejas
e eu daqui não veja
como perfumas por mim!