Da cor do vento

Sou assim por ser assim,

não explico o querer ou desquerer.

Tenho as pupilas gastas,

sou de comer com os olhos;

não me basto, nem me bastas.

Sou assim,

sabor que se detalha

verso ao reverso;

como se toda chuva fosse do céu,

como se toda flor nascesse do chão.

Sou o avesso do beijo,

amor passageiro,

primeira estação.

Sou da cor do vento:

posso ser ou não ser,

vai depender da chuva.