Essencial

Eu colho poesia até

Do chão, não faz mal.

Eu colho poesia roseclair,

De uma Aurora Boreal,

Colho, assim que ela me sorri,

E encubro a dor, afinal!

Eu colho poesia noite e dia

E pela manhã, não me constranjo,

É meu café matinal.

Eu colho poesia, quem diria!

Tentando fazer melodia, madrigal.

Recolho poesia de uns restos quaisquer

De um amor que julguei imortal...

Recolho e lanço a solidão

e o tédio em um vento mistral

Eu colho poesia, pois meu

Remédio são os versos

Confesso que assim

Desfaço-me do banal!

Eu colho poesia, pois lhe

Tenho um amor incondicional

Recolho sim, não me critique!

Pois somente a poesia me é essencial.

Nota: Aproveitando o clima romântico que envolve o dia de hoje, convido a quem passar por aqui para que ouça em minha página de áudios, o soneto de Florbela Espanca Os Versos que te Fiz.

Ariadne Cavalcante
Enviado por Ariadne Cavalcante em 12/06/2015
Reeditado em 12/06/2015
Código do texto: T5274722
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