Maria

Abre a porta, Maria,

Teu coração ancora o barco das vidas,

que vem pelo lado esquerdo do mar,

o mar morto da ternura de vidros,

de pedras pelas areias feridas.

Abre a Tua sagrada porta, Maria,

diante dos silêncios das coisas gastas,

famintas, das estrelas em agonia,

dos que oprimem os cânticos.

Deixa entrar em teu sacrário,

em Teu lar amantíssimo,

a pena do meu rosto

que hoje só sabe Te escrever sonhando

com aquela esperança do estábulo

quando o Amor desenhava nos céus

o labirinto da paz.