Sangue nas veias

A verdade se evita

Pra ficar bem na fita

Mas pra quem é ligado

Em certos casos

A sutileza é um cavalo

Nem sei se ato falho

Não sei se premeditado

Mas muita falsidade

Certo excesso de cuidado

Supondo que seja, claro,

Pra que não se diga incômodo

Tentou incutir em mim

Um monte de bobagens

Mas água não vira vinho

Se fizer com tuas uvas lavagem

Nem com um toque de zulu

E nem de 51

Triste dizer

Mas não tens a arte

És o que és

Eu fui à parte

O que eu vi já me bastou

Está aberta minha ferida

Mas vai cicatrizar

Minha cabeça sempre erguida

Aqui nada a reclamar

Ante a história sucedida

Ainda sou o que fui

Acrescido do agora

E nesse processo, provável

Que já seja outra mistura

Cada um à sua maneira

Com própria filosofia

Meu banquete é modesto

Não serve carne de porco

Eu não me culpo por pouco

Ingenuidade acho grave

Quando se caminha nu

Por uma floresta selvagem

E a ferida bem sangrando

A confiança lá em cima

Identificando os guizos

Das velhacas rastejando

Mas minha hora já se deu

Abriu nas copas um clarão

Dando outro tom pro que eu via

Com surpresa, logo, então

O peso sobre meus ombros

Me curvou por muito tempo

Agora a parada é bem outra

Me jogar de vento em popa

Com minhas asas batendo

É inegável o prazer

De uma boa companhia

Devo insistir em dizer

Cumpra-se sua profecia

Em desconexão com minha vinha

Vou suave vou na minha

Passos largos Sorriso justo

Vinho tinto na garganta

E sangue correndo nas veias

EuMarcelo
Enviado por EuMarcelo em 16/05/2015
Reeditado em 16/05/2015
Código do texto: T5244195
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