Sangue nas veias
A verdade se evita
Pra ficar bem na fita
Mas pra quem é ligado
Em certos casos
A sutileza é um cavalo
Nem sei se ato falho
Não sei se premeditado
Mas muita falsidade
Certo excesso de cuidado
Supondo que seja, claro,
Pra que não se diga incômodo
Tentou incutir em mim
Um monte de bobagens
Mas água não vira vinho
Se fizer com tuas uvas lavagem
Nem com um toque de zulu
E nem de 51
Triste dizer
Mas não tens a arte
És o que és
Eu fui à parte
O que eu vi já me bastou
Está aberta minha ferida
Mas vai cicatrizar
Minha cabeça sempre erguida
Aqui nada a reclamar
Ante a história sucedida
Ainda sou o que fui
Acrescido do agora
E nesse processo, provável
Que já seja outra mistura
Cada um à sua maneira
Com própria filosofia
Meu banquete é modesto
Não serve carne de porco
Eu não me culpo por pouco
Ingenuidade acho grave
Quando se caminha nu
Por uma floresta selvagem
E a ferida bem sangrando
A confiança lá em cima
Identificando os guizos
Das velhacas rastejando
Mas minha hora já se deu
Abriu nas copas um clarão
Dando outro tom pro que eu via
Com surpresa, logo, então
O peso sobre meus ombros
Me curvou por muito tempo
Agora a parada é bem outra
Me jogar de vento em popa
Com minhas asas batendo
É inegável o prazer
De uma boa companhia
Devo insistir em dizer
Cumpra-se sua profecia
Em desconexão com minha vinha
Vou suave vou na minha
Passos largos Sorriso justo
Vinho tinto na garganta
E sangue correndo nas veias