Personagens e Palcos Absurdos
Sinto que em meu confuso íntimo há tantas pessoas distintas
E em cada momento sou alguém que nem sabia que existia.
É como se eu não fosse eu, mesmo ao pensar que sou eu, a cada dia;
É como se eu fosse menos eu mesmo nessas interações extintas.
Quando amo não me vejo amando verazmente como eu imaginava,
Como se sempre houvesse um falso ator em cada cena e ato que atuo;
Sinto-me sempre como um outro ser a fingir essa vida que desvirtuo,
E me perdi no âmago destas máscaras que julguei que não usava.
Cada frase que verbalizo parece sair de lábios que nunca foram os meus,
Cada sentimento que demonstro parece emergir de um outro coração.
Não reconheço ninguém; jaz morta toda convicção de quem sou eu.
Quando penso, sinto que outra mente pensa o meu pensar e emoção;
Somos péssimos atores e atrizes manipulados pela indiferença de Deus?
Somos palcos buscando crer que nosso viver não é uma mera ilusão?