O Som do Silêncio

O riso branco e macio daquela criança da mãe entre os braços

É como a lágrima de Deus sentada nas costas dos homens tristes,

É como um afago sem carícias, e o coração nas profundezas do cansaço

Sonha sem sonhar os delírios do amor que teus outonos e vós não vistes.

Tantas palavras, frases, discursos, o som do silêncio é minha divindade,

O som do silêncio dos sentimentos quebrados ainda respira nos quartos,

Beijos toscos, brigas vorazes, mágoas nos olhos, viver é uma falsidade

Que fingimos não ser, mas os sorrisos são na parede antigos retratos.

O abraço fiel dos que se amam é um palhaço psicótico ainda maquiado,

É um túmulo onde semeamos os corpos de nossos delírios e sonhos,

É o vil ósculo a vender a alma por estabilidades e desejos conjurados,

E a lágrima ri de si por entre as pedras e os céus tão entabulados;

A alma, despida de nudez, exora com regozijos pelo som do silêncio:

Esmague cada barulho, esquife, emoções, e som deste existir deturpado.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 22/03/2015
Reeditado em 24/03/2015
Código do texto: T5179184
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.