Acasos e sentidos
A cada batida
Um coração morre
Uma vida nasce
A cada noite (re) arranjo esperança
da mesma partitura
que um dia já foi escrita para ser a endura de alguém
Não quero a esperança prolongada como uma sobrevida
Dessa vida que um dia morre
Quero morrer em vida
Essa vida que não pode viver
Se o sentido pode fazer viver a palavra
Encerrado não na palavra
mas na consciência de quem a lê,
é no sentido que está a vida
Que a palavra não pode descrever
Faço dos sonhos meu travesseiro duro
Onde deito meus cansados mistérios
adormecidos em todo despertar
Lá se vão os dias contados em tempos
Tempos que não sobram nos dias que findam
Ocultando a noite, o engodo do ocaso do sol
Que morre aos olhos que se fecham
E persiste seu brilho aos olhos que despertam