No meu texto, ninguém bota cabresto!

Sobre a poesia que é descabrestada das normas e modelos impostos,

Escrevi, outro dia, combinações palavrescas que a pintaram de pássaro em voo...

Livre!!!

Encontrando Rimbaud assim, entre uma ação e outra de anarquismo poético,

Entre uma revolta e outra, levantadas de um sonho poeticamente libertário...

Ele, “livre, a fumar, surgindo entre as brumas violetas...” Rasgando os céus...

Dizendo da vidência do poeta, que vem do desregramento de todos os sentidos,

Dizendo do empoderamento de evadir-se do inferno

Pela rebeldia,

Pela revolta,

Pela poesia...

Em sua garupa, o “de Barros”,

Com seu desapetite para obedecer à arrumação das coisas,

Trabalhando aqui e ali, nas invenções palavrescas,

Humanizando as coisas,

Santificando e tornando comunhão os prazeres da alma e do corpo,

Abrindo as pernas da manhã ao sol...

Os dois, assim como colírio,

Limpando os olhos de ver além

Para se ver que na falta total de sentidos

É que estão os verdadeiros sentidos...

Assim, nos nossos encontros corriqueiros,

Quando, em ebulição, os infernos me amedrontam,

Infernos feitos de intolerância,

Infernos feitos de preconceitos,

Infernos feitos de mentiras e enganos,

Infernos de demagogias, de burocracias

Infernos de opressão,

Infernos de autoritarismo,

Infernos de desamor,

Infernos de “não SER”...

É quando me sento com eles,

Rimbaud incentivando ação, decisão, voracidade...

Manoel, mais sereno, ensinando como inventos viram verdades,

Ambos, sob os holofotes da liberdade...

Então reacendo os faróis que clareiam o caminho certo para outros tempos,

Tão livres quanto a própria poesia é hoje...

Enquanto os tempos não chegam,

Enquanto eles ainda estão a caminho,

E nós, no caminho,

Rimbaud mandou um recado:

“Escrevamos! Não amaldiçoemos a vida.”