Conto de poesia

Era uma vez,

No caminho mais torto,

Do sonho mais alto,

Do desejo mais louco,

Da insanidade mais sábia,

Bailava o poeta...

Sob um encantamento de palavras,

Tecia versos enquanto rezava.

E batizava no papel

As bestagenzinhas que abençoam

O alimento sagrado que é a poesia.

Um ser pequeno atentou contra a arte:

Que a vida não era só poesia,

Que poesia não defende a vida...

Foi que o poeta teceu outra oração!

Pediu luz para engrandecer o ser...

Que coubesse nele o entendimento

De que a poesia não é só vida,

E que só a vida não defende a poesia.

Poesia, isso sim, desassossego que renuncia e anuncia.