Amanhecido
Um dia desses, logo que acordei, o dia acordou também! Daí, juntos fomos passeando pelo instante afora, na cidade que não tinha mais fim.
Tinha, também sem fim, uma canção de fundo que a tudo tocava e todos cantavam, em estrondoso silêncio, aquela melodia de uma nota só.
Era um único refrão, que só dizia oi, à todos os primeiros e únicos eus que víamos no outro e aquele em nós, que só nos respondia assim, perguntava: -Como estamos hoje? E em quase uníssono dizíamos:
-Até que todos bem, apesar de tudo!
Nos entendíamos tão bem, que sem nem saber direito o que era saber direito, tudo sabíamos, direito.
Continuamos indo, passo sim, passo também, com aquele olhar de midas, sem medidas, enquanto aquilo ali que estava ali, logo chegou por lá, naquilo bem aqui.
Ah....aquilo nos foi um estalo só e ali mesmo, ficamos de todo surdos! Surdos de um modo tal, que tudo aquilo que se nos dissesse, era nada além de tudo, que se dizia.
Vimos então que sempre, e em tempo algum, tudo que cabia podia e tudo podendo, já cabia, justo no espaço mesmo onde se
estacionava.
E foi dali que pronto! Estacionei e agora, enfim, a gente e o tudo todo, se encaixou e eu acordei de vez!
Em quando!!