Sustança

Isto que me leva

É vela em água sem barranco

Tão de leve isso me leva

Não me magoa nem solavanco

Faz achar que sou eu que me levo

Se me levo, me atravanco.

O que me resguarda

É ser desguardado no mundo

Só guarda, não monta guarda

Nem me obriga vigia rotundo

Vou eu topar o que me aguarda

Com guarda, vagueio moribundo.

Isto que me clareia

É um clarão do lá de dentro

Deixa tão claro o que clareia

Desassustado no escuro eu entro

Bichos da noite essa luz afogueia

Fogo de tocha, vou treva adentro.

O que me sustenta

É sustento que vem do Sem-prazo

E me sustento no que Ele sustenta

Em sua sustança eu me aprazo

Faço colheita em lavoura farturenta

Fartura de grão plantado no Sem-vaso.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 19/02/2015
Código do texto: T5142938
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