Sustança
Isto que me leva
É vela em água sem barranco
Tão de leve isso me leva
Não me magoa nem solavanco
Faz achar que sou eu que me levo
Se me levo, me atravanco.
O que me resguarda
É ser desguardado no mundo
Só guarda, não monta guarda
Nem me obriga vigia rotundo
Vou eu topar o que me aguarda
Com guarda, vagueio moribundo.
Isto que me clareia
É um clarão do lá de dentro
Deixa tão claro o que clareia
Desassustado no escuro eu entro
Bichos da noite essa luz afogueia
Fogo de tocha, vou treva adentro.
O que me sustenta
É sustento que vem do Sem-prazo
E me sustento no que Ele sustenta
Em sua sustança eu me aprazo
Faço colheita em lavoura farturenta
Fartura de grão plantado no Sem-vaso.