O LAMBER DAS FERIDAS

A noite veio lamber as feridas

Causadas pela luz clara e cruel

Molhou e beijou todas as crostas

Chamou-as de queridas sem fel

E encerrou-as a sós como ostras

Dentro de uma sala de partidas

Sem destino e sem gosto de mel

A dor foi hoje mergulhada no rio

E os restos flutuaram sem navio

Gotas de sangue em água escura

Sem cinzas e lixos de amargura

Até ao raiar do dia novo e claro

Que aguarda as próximas noites

Como pedaços de um amor raro

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 06/02/2015
Código do texto: T5128071
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