O Necronauta

Espaço homogêneo de-composto,

Gerúndio singular de cada parte.

Linha de logos do nada exposto,

Nébula semântica da triste arte.

Jogo dos jogos de nulas ações,

Vacilante, noturno, sempre o inicia.

Infindas discretas superstições

A exaltar o gozo da entropia.

Brado de estilhaçar o etéreo,

Atávico grito saturnal.

Sobre o "akáshico" adão plúmbeo

Rasga o leito funeral.

Do eterno véu de sombras,

Noite e dia, a fitar silêncio oco,

Exubera em negras alas

- O recital - seu canto torto:

"À morada nefilibata, minha nave

À jornada, o deletério suave

À chegada, em lembranças, o conclave

Por todo o sempre, sou negra ave..."