Entardecer com gengibre
Era uma casa nada engraçada, feito sem esmero sem nada... E mesmo com o tanto de nada empregado, tem o tanto de tudo que ainda resta.
É lá que eu ouço o escuro e sinto as cores, é lá que o frio me diz o que é a vida, é lá que a história termina antes do começo.
Toda a manhã eu brinco de tempo enquanto o tempo descansa, e qual a brincadeira de hoje? A vida de que coisa a gente vai cantar?
Nem todo mundo sabe mas eu canto, nem todo mundo sabe também mas eu ouço! E tem algo dentro dos espaços que ninguém precisa saber.
Tem pequenas coisas, tem um ruído vindo da rocha, tem duas metades de um silêncio incompleto e alguns por cento de acordes inteiros que parecem vozes entremeadas de despertar, intercaladas de entardecer com gengibre... Hunnnn!
Das histórias de todas as vidas, tem um mundo que é injusto e tem uma parede que você nem tocou. Tem uma fatia cheia de sabor que você nem experimentou. E qual é o diferente que você faz para fugir do igual? E não tem jeito, que a qualquer hora, vestido com qualquer coisa, o igual te pega. Ele se disfarça, te conquista e te enche de beijos do conformismo, abraça forte de comodismo e carinho.
Eu queria era ser pra sempre a manhã, para ser o primeiro a ter o sol e ser motivo de todo bom dia.
Já tem um balde cheio da sua tristeza e dois tonéis de decepção... Pretende encher mais o que?
Tem garrafas com minhas idéias por toda a parte, e tem parte de partes sem parte de quem, que só estão a espera de alguém.
Ridiculo, insano, insatisfeito,insensato, (in) sem sal! Vossa majestade em preto, em branco e dor não deixará o trono.
É mesmo uma casa muito engraçada... Mas sem humor, sem mar, e nem amar! Quem mora lá tem quarto, alma, sala, aura, cozinha, desejo e tempero que a casualidade só maltrata. Quem lá reside tem espírito e sabedoria para o mundo inteiro habitar, quem entrou naquela casa (sem graça, sem nada) tem o dom de ser... De ficar!
Douglas Tedesco dos Santos – 26.01.2015