A VOZ DO IMAGINÁRIO
(Por Aglaure Martins)
Quero apenas o que ainda me resta
numa tarde onde o sol se escondeu
num campo onde pude viver em você
sem segredos, sem rasuras, só lisuras
no abraço concreto do imaginário
onde sabiás e colibris voejam nossos sonhos
nos jardins floridos dos nossos desejos.
Quero apenas mais um beijo
um beijo que trepasse a distância
que transite livre em nosso universo
acolhendo os nossos versos declamados
em tons e semitons, em ais solfejados
em harmonia com nossos verbos bem conjugados
ainda que seja por uma fração de segundo.
Quero apenas o nosso mundo
sem passado, sem futuro, só presente
sem um sentimento pseudo aparente
sem aparar as arestas do que ainda me resta
dessa minha abstrata insanidade
que passeia em labirintos e alamedas
dos bosques e esquinas mal desenhadas.
Quero apenas mais e mais escaladas
em montanhas cobertas de esperança
onde se possa mergulhar no infinito
viver devaneios , sem anseios, sem temores
sorrir para noite, brincar com as estrelas
sentir a brisa suave que nos embala
e por fim, aportar nesse cais de labaredas.
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JP14012015