ASAS DA ALMA

Ao som do ar que se propaga sonolento

Deixo-me alçar vôo como doce alento

Para fugir das dores e de tormentos

Que fustigam na alma meus pensamentos.

Na alma, que inflama na ardência insana,

Oculto as asas cansadas que inertes pendem

Flácidas, fúteis fitam o calor que emana,

Sentindo inalcançável fonte de vertigem.

Transmuto dor em riso, alada alma santa

No martírio encanta conturbada vida,

Flutuando no etéreo caminho, acalanta.

Num hercúleo esforço, como derradeiro,

Ruflo as asas da alma dantes já ressentida

Alçando o planar ao eterno paradeiro.