PROSPECÇÃO
Um felino repousa sobre a moldura dura
Da janela de madeira, na beira
Observa os prédios, tédios
Os ébrios sérios
Estrondos fônicos, sônicos
Dos aviões, gaviões
De metal, letal
Aos ouvidos, zumbidos
Pássaros feridos, queridos
Por quem sabe amar, acamar
Acalmar, aclamar e não chamar
De seu o que é livre e vive
exclusive e inclusive
Pela liberdade, liberdade na realidade
Dentro da lei, é rei
Quem tem o poder de poder
Errei, é rei quem é rico, fico
Em luto, puto
Por nada poder fazer, lazer
É privilégio de poucos, de loucos
São chamados os que querem sonhar, ganhar
Mais vida e não mais dinheiro, banheiro
Dos homens que dão descarga na carga
Da consciência lesada, pesada, enfadada, fadada
Ao fracasso de ter milhões, bilhões
E não valer um centavo, escravo
De si, do papel, do sistema, esquema
Humano para ser mais desumano, inumano
A cada ano.