Paradeiro - A história de uma ideia que saiu da mente de um apaixonado e conheceu o mundo dos ratos fracos

E, finalmente, tocara este chão,

Minhas mãos jovens e caras enfim brotaram,

E senti em minha fina pele de anão

O que as canções de ninar sempre cantaram.

Produto de uma digestão mental amorosa e exacerbada;

Ousada, dentro de seu cercadinho de imagens encantadas.

— Será que é mútuo?

Pobre monstrinho nos bueiros da cidade,

Vagando cego sob esta crueldade.

Os dias que pareciam os mais quentes

Exibiam com extravagância o terror desta humanidade.

— Não, jamais.

Agora rodeio países, continentes e corações esquecidos,

Universos perdidos em pedaços de arco-íris.

Desço as escadas das palavras mais bonitas

E tomo sorvetes sob a chuva dos desiludidos.

Letrei-me isolado em quartos e choros,

Sob educação dos conselhos dos outros.

Sou a asma aberta de convulsões berrantes

Sob presentes de natal deleitantes.

Quase tomei um tiro, um dia, no meio da rua.

O bandido tentou levar meu dinheiro.

Mergulhou em remorso, ao perceber,

Que minha mediocridade é crua,

E que jazo vagando pelo nevoeiro.

Estou em todos os lugares,

Em todas as mentes, matérias, momentos;

Felicidades e descontentamentos

Traduzem-me em diversos ares.

Poucos entenderão os versos de minhas histórias,

Pois meu recado não jaz em letras.

Sou a cruz sangrenta das igrejas

E o sufoco do coração recordando as memórias.

Vai-te, humano, continua esta tua vida grande,

Esquece estes contos humilhantes.

Muitas tintas hão de escrever tua bela história.

Fecha-te para este mundo de Satanáses escondidos,

Trata teus amores como um cavalheiro,

E não deixa teus ideais nauseabundos

Tomarem formas em espaço alheio.

Afinal, somos bombas de sabores extremos,

Explodindo a cada sentimento.

Acenderam o pavio da mente

E sucumbi pelo mundo em desprezo.

Cabisbaixo, uma súplica perversa almejo,

Para este universo de éticas estrangeiras.

Mas ora, como bem sabes, sou apenas um pensamento,

Nascido por um sorriso de belas madeixas.

E as guardarei para a vida inteira.

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Gabriel Coêlho
Enviado por Gabriel Coêlho em 14/11/2014
Código do texto: T5035554
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