O Disforme Destino Humano

Estamos acordados? Por que nos levantar da cama? Por que viver?

Preciso acreditar em algo? A conclusão de tudo é simplesmente morrer?

O amor é uma outra ideia criada para dar sentido ao que nasceu morto,

Todas as crenças e certezas humanas são ilusórios caminhos tortos?

Cada pessoa, cada rua, cada palavra, cada sentimento são esfinges

Incógnitas que pensamos conhecer, mas tudo é falso e irreal;

Criamos deuses, inventamos alegrias, mas a vida é uma prisão desleal

Em que semeamos essa liberdade quimérica que tanto nos aflige.

Tudo o que sabemos nasceu dos óvulos onipresentes do engano,

Nosso conhecimento não passa de uma gota de preconceitos!

Mas dramatizamos que sabemos o que fazemos nesse palco insano,

E assim sorriem as nossas almas cobertas de máscaras e de conceitos.

Tatear nos porões impalpáveis do nosso próprio desconhecimento

Poderá nos conduzir a alguma caverna platônica de redenção e de luz?

Contudo como enxergar o verídico do irreal se tudo é embrutecimento?

Somos tão nutridos pelo fogo da inverdade que pelo braço nos conduz!

Queimamos nessa confusa alma diversas paixões carnais,

Ingerimos as nossas diversões em doses excessivas de tédios;

Nossos olhos, lábios e nossas mãos buscando novas bacanais,

Mas para o coração humana não há mais refúgios e nem remédios!

Com que vestido a Morte chegará ao espectro de nosso egoísta ser?

Será que irá me despedaçar no meio do copo de uísque ao entardecer?

Ela virá antes de que eu encontre a Ilusão do amor que me foi legado,

A Morte destrói o sentido de viver, e de todos os caminhos pensados?

Acordar cedo, levar as crianças à escola, e trabalhar e trabalhar.

Os ponteiros do tempo não cessam, e há as responsabilidades do lar;

Retinas cansadas, braços e pernas exaustos, sonhos abandonados;

Acordar cedo de novo, e ao se olhar para trás já estamos enterrados.

Viver cada instante e cada hora sem buscar entender a nada;

Viver cada emoção e desventura sem necessitarmos do pensamento,

Pois nossas existências efêmeras são letais e ridículas piadas,

Portanto: bebamos na alma todos os vinhos de nosso aviltamento.

Acaraú, 09 de Novembro de 2014.

(Perto do Cemitério abismal que é o nosso Ser)

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 09/11/2014
Reeditado em 09/11/2014
Código do texto: T5028605
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