Convite Amargo

É apanágio desta sociedade;

Celebrar por proveito;

O tempo da fraternidade;

Jaz em túmulo estreito...

Em tempos remotos;

Sentia-se real falta do amigo;

E juntos eram afoitos;

Para sonhar dentro do mesmo trilho...

Que nostalgia sinto eu;

Dos bons sentimentos fluidos;

Esta vereda que seguimos me entristeceu;

Navegamos em mares pejados de pruridos...

Na contemporaneidade;

O festejo é utilizado como subterfugio;

Assoberbada veleidade;

Que nos leva ao infortúnio...

Em regra galopante;

Nestes tempos de desnorte;

O convite de um aniversariante;

Reveste-se de amarga sorte...

Quando informam que o festim;

Será numa tasca refinada;

E desta forma sem xelim;

Um irmão passa a alma declinada...

Mas chega de metáforas;

Vamos ao que importa;

Fugir da verdade com anáforas;

Em nada nos conforta...

Confesso abrindo o coração;

Crente de descrenças perturbadoras;

Ao avançarmos na fila da desunião;

Perfuramos o poço de cobras manipuladoras...