princesa
Sem lua e estrelas,
Num lindo e inusitado sonho.
Preso entre muralhas de tumila
Vi meu próprio corpo,
Matéria ainda informe lutando pela vida.
Diante de mim uma escada de marfim reluzente
Se estendeu e por ela lentamente subi aos céus.
Na casa de Deus, na mansão celestial
Vi anjos e querubins,
Vi seres angelicais como crianças,
Brincando de esculpir na rocha
O celestial em forma de mulher.
Era uma filha de Deus,
Uma princesa dos céus,
Um anjo doce e puro.
Cachos negros de palmeira
Caiam sobre a alvura de seus ombros,
Como a sombra da lua cheia
que se lança sobre as águas claras
de um pequeno lago na noite profunda.
Em cada face simétrica de teu suave rosto
repousava uma linda safira,
de um brilho intenso como mil jazidas de cristal
sobrepostas numa gota de jasmim.
Pelo vértice delicado de teu rosto angelical,
Uma indelével brisa penetrou furtivamente
Em teus pulmões virgens,
Despertando veias e artérias de um sono profundo e casto.
Num instante de magia,
Num ciclo perfeito o frio torna-se quente,
E escapa pela brecha de teus lábios molhados,
Gerando a vida que a gerou.
Num arrebatamento de sentidos,
Minha alma encontra novamente meu corpo.
Desperto de um sonho
Meus olhos já não encontram tanta beleza,
Tanta ordem e perfeição,
Agora eles encontram apenas um corpo debruçado
Sobre a porta fechada de teu coração.