CUSPARADA DE SATÃ
Ao mundo tudo é dado
Seja lindo ou nefasto!
Na beleza há algo hostil
Guardado à sete chaves
E ao emergir do seu lugar
Coberto de lodo,
Veio a mim como visão
Um grotesco inesperado!
Ia eu caminhando abaixo de um sol infernal,
Praguejando a cidade medíocre em que moro,
Onde "nem uma guerra visita, maldito solo!"
As artes não querem germinar em tal local!
A rua era limitada por destroços que jaziam,
Fazia uma fusão com o asfalto e o lixo,
Os raios radioativos com um beijo agressivo
Transformou em quimera tudo isso!
Não sabia se estava louco, ou era aquilo verdade?!
Porém, sei que o calor é um psicotrópico poderoso:
Assim foi com o João
O aguçou de ilusões e grandes visões !
Estava no chão como se fosse um brinquedo quebrado;
Antes fosse um boneco por qualquer moleque largado,
Um ser disforme que rastejava ao meu lado!
As pernas o tronco juntamente com os braços
Trassavam um trajeto de contornos impossíveis
se não fosse o seu formando os traços
Qual artista imaginaria desenho tamanho ousado?
E quem pensa que a criatura refletia olhar tristonho
É porque não entende como o mal se torna um palhaço perfeito
Pois, apesar das mazelas se multiplicarem em seu corpo
Com maior proporção era o seu escárnio!