E na minha infância colorida,
Pontuada por inocência febril,
Possuía o dom do desejar sem fim.
 
Apontava o dedo para o nada
E surgia tudo o que queria.
 
Montava dragões,
Vestia capas de heróis,
Era polícia,
Astronauta,
Gênio da lâmpada
e tudo o que quisesse.
 
O mundo era meu e minha
Terra, cercada por quatro muros brancos,
Não tinha fim estendendo-se
Para o alto azul e além.
 
Tínhamos lá um abacateiro mágico,
Que virava torre de castelo,
Montanha com neve no topo,
Corcunda de gigante,
Monstro de sete olhos
E o que mais quisesse.
 
Mas tinha também uma tristeza,
Uma certeza que um dia acordaria
E não mais seria criança,
Mas apenas uma fugidia lembrança...