Elegia a um Suspiro

O dia agudo

é asa de um artrópode.

O busto, o verme seco, a letargia,

guardados agora no bolso,

se esvaem na mecânica do espanto.

Além do corte: leitura

platônica ou maligna do inseto

pousando assim no gelo literal,

Sujava a posição do firmamento.

Pois que, no estudo, isto é tudo.

Mesmo sendo inseto mudo

interrompeu bocejo repentino

do ser sentado às horas,

companhia do vórtice esverdeado

da visão.

Fugia à toda conclusão

e ao berro da paisagem

que era a córnea

um túnel de espectros.

E era ,

sidéreo,

gemendo

como um cão roendo as presas,

O ser colérico ou estado arcaico

na puberdade das entranhas.

Há que ver o contento batizado

no par ligeiro das aladas formas.

sobre o ar, campesinado, um homem líquido

vacila em iminentes possessões,

encontra nele mesmo e não explica

o berço de um misterioso

cobre,

que julga toda a base, primitiva,

e ar: atmosfera vagamente alegre.

Oh! O que verde e maciez sustentariam...

no bolso, resguardados,

semoventes,

exatos rastros de calcário.

O dia agudo espalha riso anêmico,

lapida um tártaro

imenso, o nascimento do riso,

placenta do vento.

Estava o Corpo em lâmina dormente,

E ria como estava,

suspirante.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 06/09/2014
Reeditado em 14/11/2014
Código do texto: T4951941
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