Modificação
As modificações sempre deixam
cicatrizes.
São lembranças que tolhem
e libertam.
Marcas para apontar
que o ser avoluma a alma,
mesmo insistindo
numa constante ideia
de evolução não necessária ao coração.
O modo de ficar
depende da maneira
como o ser suporta a dor de viver.
Por mais austero, pétreo... inflexível
que o ser se aparenta,
maior será a sua debilidade.
Na luta inevitável do desmancho
a inflexibilidade é a flexibilidade
dos carentes.
Modificar é a molição
do ato que não quer se molificar.
E na multidão das modificações
permanece o eterno jargão sartreniano:
Do afirmar para negar.
Do negar para afirmar.
A modificação é a grande mentira
que pode dizer as verdades do ser
Eis as cicatrizes!