As janelas dos anjos
Eu vi,
pelas janelas
que os anjos falam
de companhia eterna,
de flores que nunca morrerão.
Do que parece tão perfeito,
jardim sem defeito.
Perfeito no tempo,
perfeito no coração.
Senti meu jardim revolvido.
meu jardim tão sagrado.
Nascem sulcos no meu rosto,
sulcos onde esses montes se erguem,
imensos, alados...
Não posso mais ver que
esses anjos
com suas peles de rosas brancas,
com seus olhos de estrelas vivas
(amor em esperança)
têm tanto tempo e amor
pela frente e mais vida
dentro da vida
que a minha própria vida.
Vou caminhar
entre os lírios dos campos,
entre os cedros cinzelados da
minha messe.
Vou chorar
sobre meu próprio corpo
essa aurora que me anoitece...
Vou velar
sobre os véus dos meus espelhos
por tanto amor engalanados,
sobre meu rosto que adormece,
no colo dos meus anjos “tortos”
para que esse amor em meu coração
continue a ser
essa eterna prece
a um sol que não alcanço.
(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)