Inerte

Estou inerte à porta do discernimento,

Inactivo na insaciável razão de viver,

Apático no esquadrinhar inválido,

Indolente na minha mente induzida,

Imóvel saciado de improvidências,

Inanimado sucumbido à ignorância,

Parado no fim do abismo selado,

Sucumbo à dor indolor do enfado,

Desisto de bem ser amaldiçoado.

Vou com a chuva levada pelo vento,

Vou sem qualquer esperança relevada,

Vou só sem nenhuma companhia traçada,

Vou pisando o longo caminho que me embala,

Vou escondido do luar prateado espartejado,

Vou a lugar nenhum jamais perpetuado,

Vou com a chama da inverdade iletrada,

Vou para o nenhures insolvente,

Vou com a dor amarrada.

Lisboa, 2-11-2013

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 30/08/2014
Código do texto: T4943163
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