Inerte
Estou inerte à porta do discernimento,
Inactivo na insaciável razão de viver,
Apático no esquadrinhar inválido,
Indolente na minha mente induzida,
Imóvel saciado de improvidências,
Inanimado sucumbido à ignorância,
Parado no fim do abismo selado,
Sucumbo à dor indolor do enfado,
Desisto de bem ser amaldiçoado.
Vou com a chuva levada pelo vento,
Vou sem qualquer esperança relevada,
Vou só sem nenhuma companhia traçada,
Vou pisando o longo caminho que me embala,
Vou escondido do luar prateado espartejado,
Vou a lugar nenhum jamais perpetuado,
Vou com a chama da inverdade iletrada,
Vou para o nenhures insolvente,
Vou com a dor amarrada.
Lisboa, 2-11-2013