MÃE
Onde foi parar
aquele riso que alegrava a casa,
mesmo ao inverno
engessado;
e aqueles braços
que alisavam meus cabelos
quando me estava
cansado;
e aqueles dedos
com que continham, às vezes,
os rios que me corriam
salgados;
e aqueles olhos,
e aquela brandura que me faziam
crer que houvesse um amor
incondicionado?
Um dia, ainda
hei de galopar o dorso da morte
e destravar esse tênebro
cadeado;
e, então, estar-me-ei
junto a ti novamente, mãe,
em sublime sono
eternizado.
Péricles Alves de Oliveira