OS SONHOS DE MARIA
Era quase meio-dia quando avistei Maria
Fraquejando um pouco, sob o ardente sol
À beira do rio, eram tantas louças
Cantarolando triste, ela as lavava só
Com bucha do mato colhida fresquinha
E algumas folhas de cajueiro brabo
Deixava as panelas como espelhos
E no cachimbo, puxava uns tragos
Às vezes, conversava só... Gargalhava
E a si mesma, convictamente repreendia!
De longe, eu, ria entretido e sorrateiro
Figura interessante, essa Maria!
Por acaso, soube, por pensamentos altos
Que as roupas e louças não eram suas
Que Maria, sonhava ver o açude salgado
E por demais, desejava subir à lua
Um dia, realizaram seus anseios
E emocionada, Maria pôs-se a chorar
De repente, por desejo de ir à lua
Maria, jogou seu corpo ao mar.