Segundo imediato

Caiu a folha seca
E o vento a levou.
Eu rente ao muro
Observo a árvore,
Que balança dança
No mesmo embalo,
Bem à minha frente.

Eu apelo a mim mesmo:
Que eu também consiga
Entrar na dança embalado,
Nessa tarde de feriado,
Caminhando na calçada
De ladrilhos coloridos,
Num outono típico.

Eu caminho
Eu colho pistas
Eu sigo a trilha
De um outono típico

E eu olho o muro
Estático imóvel.
Penso que ele não pode,
Mas ele me diz
Que o vento dá jeito
E faz por dentro seus átomos
Viverem a dança.

Que ele não se ressente
Em nada.
E na verdade ele pulsa
Diversificadamente.
Nunca perde nada
Em 24 horas
Diariamente.

Eu caminho
Eu colho pistas
Eu sigo a trilha
De um outono típico

Ainda que sua vida
Seja breve,
Muito mais do que
As paredes do casebre –
Secular patrimônio histórico.
Ainda que ele vá abaixo
Ao terminar a obra
Que ele esconde do outro lado...
Ele vive intensamente
Cada segundo imediato.

Eu caminho
Eu colho pistas
Eu sigo a trilha
De um outono típico

Mas poderia
Ser qualquer dia
De outro trimestre
De qualquer tempo

Eu sou a terra.
Eu sou a chuva.
Eu sou o vento.
Eu sou o sol.
Eu sou eu mesmo.
Eu sou cada coisa intensamente,
Em cada segundo imediato.

Eu sou eu mesmo:
Núcleo, face e raio.
E tudo intensamente,
Em cada segundo imediato.


*30/4/14*
EuMarcelo
Enviado por EuMarcelo em 16/08/2014
Código do texto: T4925142
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