O BARDO E A MUSA...

O bardo:

Encontrei-me a reler velhos poemas...

Lembranças antigas, cujos temas,

porém, os anos não apagaram...

São antigas, mas lindas lembranças!

São sonhos, retalhos de esperanças

que n!alma do bardo se vincaram...

Vislumbro em silencio o firmamento,

e tua sombra eu vejo em pensamento,

pelas fendas estranhas do tempo...

- Donde vens? De que esfera de Luz

vem teu vulto, em prata, e me conduz

qual pluma, ao teu céu por um momento ?

A musa:

- Onde as tardes langorosas,

quando as vagas preguiçosas

vinham teu corpo molhar?

O bardo:

-Toda a praia entristeceu...

Nosso mar emudeceu,

não tem o mesmo cantar!

A musa:

-que é das noites consteladas,

quando as estrelas aladas,

vinham em teu sonho pousar?

O bardo:

-O infinito enluteceu...

Nosso céu escureceu,

não tem o mesmo brilhar!

A musa:

-Onde as manhãs orvalhadas,

que ao cantar da passarada

vinham teu corpo beijar?

O bardo:

Perdeu-se o encanto da vida...

Sem teus beijos por guarida,

jamais voltarei a amar!

A musa:

-Por que esta amargura a te envolver?

-Por que esta saudade, este sofrer?

-A vida é bem mais felicidade...

AH! Esqueça a solidão da noite fria!

Espera que inda seremos poesia...

Versos no Portal da Eternidade!

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 09/09/2005
Reeditado em 10/09/2005
Código do texto: T49146
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