Ser

Sê um silêncio só:

escreve-te no impulso do efêmero

ave aberta à inutilidade do voo,

flor entregue à misericórdia da luz,

dia nublado que em ti deténs

a vastidão de uma angústia.

Sê o silêncio só:

piano ausente da melodia

curtindo a dolência da solidão

entregue à expectativa de dedos

que nunca virão, na carícia melodiosa.

Sê esse retrato inamovível

para te cristalizar o essencial

e não outra coisa ao acaso.

Sê este silêncio cruel

(ou outra lágrima maior).

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 07/08/2014
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