E Nada Sobrou

Dissequei a alma aos bocados,

E nada sobrou,

Procurei desesperançado,

E nada ficou,

Sonhei com flores frondosas,

E todas murcharam,

Naveguei por mares agitados,

E eles serenaram,

Fugi da vida inteira,

E ela partiu,

Viajei ao meu interior,

E reflecti,

Melancolicamente embevecido indaguei,

E nada encontrei,

Desejei ousar o mundo,

E eu aqui encarcerado,

As nuvens sorriram-me alegres,

E eram apenas miragem,

As estrelas ao alto piscavam,

E eu em espanto serenei.

Lisboa, 27-9-2013

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 06/08/2014
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