E Nada Sobrou
Dissequei a alma aos bocados,
E nada sobrou,
Procurei desesperançado,
E nada ficou,
Sonhei com flores frondosas,
E todas murcharam,
Naveguei por mares agitados,
E eles serenaram,
Fugi da vida inteira,
E ela partiu,
Viajei ao meu interior,
E reflecti,
Melancolicamente embevecido indaguei,
E nada encontrei,
Desejei ousar o mundo,
E eu aqui encarcerado,
As nuvens sorriram-me alegres,
E eram apenas miragem,
As estrelas ao alto piscavam,
E eu em espanto serenei.
Lisboa, 27-9-2013