Apoteose Inodora
A apoteose da vida sugada pelo tempo,
Incorruptível alabastro sedutor e castrador,
O tempo que flui ardiloso numa rede estanque,
Subordinada aos intentos do grande arquitecto.
A apoteose das forças infinitas colossais,
Que povoam o universo caótico indefeso,
Na grande busca da razão indetectável,
Que se embrenhou na alma do Homem.
Apoteose do meu ser grotesco inanimado,
Isento de imortalidade desencorajadora,
Que irrompe na penumbra metafórica,
No volúvel tempo incerto em que desvivi.
Apoteose da perfeita imperfeição,
Desoladora e triste sem ambição,
Azarada na candura do meu sofrer,
Imaculada na minha dor incrustante.
Lisboa, 5-9-2013