Por sobre os ventos
De repente,
entro em meu silêncio...
Sou anciã no teu tempo.
Talvez um salmo
que da madrugada
faz sua morada
em páginas de águas
sagradas.
Mas há sempre o carrossel girando,
girando como a terra
em volta do sol.
E giram meus olhos,
águas sobre girassóis.
Na pulsação mágica de versos,
componho meu universo
e aprendo.
Aprendo sobre leitos de rios,
sobre montanhas imensas
que se estendem entre
o agora e o depois
na fronteira do país
da ausência.
Aprendo sobre as solitudes
de nossos outonos,
e sobre conturbados vôos
de pássaros que não têm sono,
que acercam-se dos jardins da alma,
em rodas de ventos perfumados.
Sou, então, esse silêncio alado
nutrindo o meu próprio sonho.
(Direitos autorais reservados - Lei 9.610 de 19.02.98)